Pare tudo o que você está fazendo e se prepare para ver algo que jamais foi feito aqui no Odeio e Justifico. Prepare-se para uma pequena aula de informática básica de primeira série.
Embora eu ache divertido fazer uns “do it yourself”, eu não sou muito de fazer esse tipo de conteúdo. Primeiro, porque tem muita gente melhor pra falar disso do que eu, e segundo, porque eu tenho as habilidades manuais de um tiranossauro.
Terceiro, porque dá trabalho pra caralho. Mas as fotos já tão aí, eu não acordei sábado de manhã à toa e eu gosto de pensar que sou um exemplo pra galera mais nova. Exemplo do que você não deve se tornar na vida, cara.
Ontem à noite eu estava jogando Dark Souls no computador. Não, jogando não, passando nervoso, querendo esmurrar uma criança de tanta raiva desse caralho de jogo maldito. Em meus vinte e quatro anos de vida, eu nunca passei tanta frustração com nada desse tipo. Tirando minha vida amorosa, mas isso já é um desastre anunciado.
Não bastasse as infinitas barreiras que um jogo que não perdoa sequer um tropeção já te coloca, fui apresentado a um novo desafio. Um velho inimigo que não me atormentava a muitos e muitos anos. A tela azul do Windows.
A famosa blue screen of death é o equivalente em informática de um ataque convulsivo: você às vezes não sabe o que causa, mas sabe que tem alguma coisa errada e isso vai dar merda um dia. Ainda mais se você tiver dirigindo, começar a tremer e babar, enfiar o carro no meio de um orfanato na hora da soneca.
Ou pior ainda, RESETAR O COMPUTADOR no MEIO da porra do PIOR MAPA do jogo, depois de matar um chefe fudido e a DOIS METROS de um dos (raríssimos) save points. GAAAAAAAAHHHHHH.
Ok Raphael, respira.
Bom, incomodado por ter perdido um puta pedaço do jogo, fui dormir. Acordei hoje, sábado, sete da manhã pra ver se resolvia esse problema. Liguei a criança e reparei que a temperatura tava beirando os 70°C, o que não é lá muito comum pro meu bebê. É um computador de três anos atrás, com peças novas. É como um idoso com armadura do Homem de Ferro que já não controla seu esfíncter.
Resolvi então abrir o bicho. Aí, meu amigo…
Isso aí é o dissipador do cooler do processador, mas você pode chamar de “virilha da sua tia Lourdes” de tanta poeira. Se você nasceu ontem e não sabe qual a função disso, é um conjunto de aletas que realizam a troca de calor entre o processador e o ar. O ventilador que vai em cima se encarrega de arrastar o ar quente de dentro pra fora.
Essa é a placa de vídeo, e no destaque você vê o que parece ser o sistema de resfriamento dela. Caso você tenha batido a cabeça e esquecido o que eu acabei de falar, essas chapinhas são as aletas e o ventilador é o cooler (ou fan), responsável pela troca de calor entre as aletas e o ar.
O problema da tela azul provavelmente veio disso. Eu quase montei outro gato só com o tanto de pêlos que saíram do cooler. O problema mais sério, no entanto, não é o ventilador. A poeira que se deposita nas aletas cria uma camada isolante, que não troca tanto calor com o meio. Ou seja, o alumínio das aletas esquenta MAIS e esfria MENOS. SOUNDS GREAT.
Isso aí era pra ser a exaustão da fonte, o coração do computador. Não preciso dizer que essa parte é importante pra cacete, pois o ar quente produzido dentro do PC é menos denso – e seu professor da terceira série ensinou que o ar quente é menos denso e sobe. Então, grande parte (ou a maior parte) do ar quente de dentro do computador sai por essa região. Só que… como que algo vai sair se tá tudo tampado com poeira?
Com um “pincel novo, limpo e seco”, que eu traduzi como “o primeiro pincel que eu encontrei em casa”, comecei a limpar toda essa poeira das peças, devidamente desmontadas. Eu não sou nenhum mão de moça pra mexer com eletrônicos, afinal sei que os componentes são de qualidade e resistentes a pinceladas. Mas também não sou imbecil de enfiar uma chave de fenda numa placa mãe.
No fim da limpeza, ficou parecido com isso:
E lembra que eu disse que a temperatura do computador estava batendo os 70°C? Então:
O computador está ligado, com vários programas pesados, a quase duas horas. Não preciso dizer que a diferença é absurda, tanto na temperatura quanto no barulho que ele está fazendo.
Antes, ao ligar o computador, parecia que eu estava passando uma criança birrenta por um moedor de carne. Um barulho absurdo que só parava vários minutos depois de ligado. Agora, ele liga com a suavidade de um bebê atingido por um dardo tranquilizante de uma zarabatana indígena.
Eu posso até dizer que ele está ligeiramente mais rápido.
Eu tenho um bom retrospecto com eletrônicos. Eu nunca quebrei um celular ou sequer um controle de videogame, e olha que já tive vários (só Xbox360 já foram três). Não é segredo – é só cuidar que as coisas duram.
Computadores não têm segredo nenhum. Fazer manutenção em computador é quase como fazer um exame de próstata: é só você saber onde e como enfiar o dedo que o cara até agradece depois. Não é preciso esforço algum, não custa absolutamente nada e evita que tu gaste um puta dinheiro com algo que tu já tinha.
E o melhor: evita que você pague um dinheiro fudido pra que um moleque de dezessete anos faça “manutenção preventiva” no seu computador naquelas lojas de informática de quintal. Você paga cinquenta malandros pro cara bater um ar comprimido no seu PC e ele ainda ganha todas as fotos que você tem no computador – inclusive aquelas da sua namorada de biquíni naquele presente que ela te mandou no dia dos namorados de 2005 – e depois mandar por e-mail pros mlk com título de CAIU NA NET.
— Cara, isso foi MUITO específico.
Ahnnn errrr aconteceu com um… primo… meu?
Então que tal você sair dessa merda de twitter, fechar teu facebook e ir limpar essa merda de computador antes que ele queime e você venha encher o meu saco?
Enquanto isso, volto a passar nervoso com Dark Souls. Caralho, como eu odeio esse jogo.