O menor conto de ficção já escrito

Marquinhos andava pela rua e tropeçou em algo. Deu dois passos atrás, abaixou-se e recolheu o que parecia ser uma lâmpada mágica. Instintivamente, esfregou o artefato e se assustou com o gênio que de lá saiu.

— Posso lhe conceder um desejo, qualquer que seja.

— Eu quero ser Deus.

— Pois bem.

O gênio fez um gesto e Marquinhos desapareceu. Ninguém, nunca mais, viu ou ouviu falar de Marquinhos novamente.

Sobre aquele professor boladão

A Internet é uma ferramenta maravilhosa. Aliás, na minha modesta opinião, talvez tirando os ônibus espaciais, o LHC e aquelas máquina de fazer gelo, a Internet é a melhor invenção da história do planeta Terra.

Talvez os macacos tenham feitos coisas mais legais, ou as chinchilas, ou os golfinhos. Mas, entre os humanos, a Internet reina soberana. Talvez se os golfinhos fizessem ônibus espaciais eles teriam alguma chance, afinal a raça humana jamais teria chance contra os golfinhos do espaço.

Principalmente porque nós, humanos, responsáveis por projetar a coisa mais espetacular da história, somos as piores criaturas que a natureza já inventou. Afinal, somos capazes de utilizar a Internet em grande parte para disseminar o ódio, contaminar e destruir tudo o que parece bom.

Hoje, uma amiga me enviou um vídeo sobre um professor que ensina química ao ritmo do funk carioca. Te dou uma coxinha com catupiry se você adivinhar qual foi a reação da galera.

butthurt

Quando criança, eu tinha o sonho de ser cientista, repórter de revista de videogame ou professor. O lance de repórter ficou pra trás, mas hoje posso dizer que sou, sim, cientista (afinal trabalho de jaleco e tudo em um laboratório). Só me faltou ser professor, o que ainda espero ser um dia.

Esse desejo de ser professor bateu forte quando vi o vídeo. Não fiquei, de forma alguma, ofendido ou incomodado pelo uso do horroroso funk carioca na explicação de uma matéria tão importante quanto oxi-redução.

Mas, também, não disse que… bem, concordei com o que vi.

A Química é a mais nobre das ciências. É nada menos do que a ciência da origem da própria vida, e atrelada à física e à matemática, é a explicação de tudo o que existe. E, talvez pela sua complexidade, é uma matéria de difícil absorção.

Como disse, pretendo ser professor, mas desde hoje já sei que não vou fazer uso das técnicas do professor do vídeo. Embora o uso de musiquinhas ou acrônimos seja uma forma autêntica (e até válida) de se decorar a matéria, está longe do ideal quando se quer realmente aprender.

Ciências exatas seguem uma ordem lógica. Quando se quer REALMENTE APRENDER sobre um fenômeno, seja ele uma pequena mistura ou uma colisão entre planetas, as ciências exatas exigem que você saiba todos os envolvidos e seus respectivos papéis.

Musiquinhas e acrônimos te ajudam, sim, a lembrar o que acontece na provinha do Ensino Médio. Mas, pra quem sabe e entende o fenômeno, sabe que pra algo acontecer é necessária uma série de condições e eventos – e isso já é muito mais interessante do que decorar uma ordem direta de respostas.

Em exatas, principalmente em química, Fato X acontece porque A e B estão em condição C, que ocasiona D e produz E. Se você souber o porquê que cada um desses eventos realmente acontece, não precisa decorar uma linha sequer.

Quanto mais fundo você vai nas ciências, menos válidas essas “táticas” funcionam. Decorar fórmulas é interessante no Ensino Médio, mas para o uso em aplicações de engenharia, por exemplo, é extremamente falho. Existem equações que mudam de acordo com as condições do evento – ou seja, decorar não te levaria a lugar algum.

O professor do vídeo tem um carisma espetacular. Até eu, que gosto tanto de funk quanto gosto de ver palhaços colocando fogo em um orfanato de filhotes de labrador, fiquei com um sorriso no rosto ao ver a aula. Não dá pra negar que o cara sabe motivar a classe, e o faz com uma naturalidade absurda.

Mas, se falando em ensinar, ele é nada senão um entertainer, um palhaço de rodeio. Embora tudo o que ele tenha dito seja, de fato, verdade, todos os alunos ali estavam interessados no que o professor engraçadão ia fazer em seguida, não em entender o fenômeno químico da oxi-redução e a relação ânodo-cátodo.

Afinal, é como eu disse: em exatas, musiquinhas não funcionam.

Digo isso pois nenhum cientista na história do Universo publicou suas teorias em forma de funk carioca, ou sertanejo universitário. E também nunca ouve um MC PhD em mecânica quântica.

Ou houve, sei lá, nunca se sabe se existiu um lado boladão em MC Albert Einstein.

JÁ NAS MELHORES BARRAQUINHAS DE CAMELÔ
JÁ NAS MELHORES BARRAQUINHAS DE CAMELÔ

ESSA RELATIVIDADE
É UM BAGULHO BEM BOLADO
UM SALVE DO MANO EINSTEIN
PROS MALUCO BEM DOTADO
EU DISSE QUE A ENERGIA
É IGUAL MC AO QUADRADO

Ou então, um show de MC Newton – afinal, seria só coincidência que no funk carioca eles são fissurados em chão, chão, chão? Sabe quem gosta de chão? A GRAVIDADE. BOOM, CIÊNCIA, lide com isso.

NEWTON

A SEGUNDA LEI DE NEWTON
MOVIMENTA O BATIDÃO
DIZ QUE TUDO QUE TEM FORÇA
SEGUE UMA EQUAÇÃO
ONDE F É IGUAL A EME
VEZES A ACELERAÇÃO
É O PRINCIPIO DA DINAMICA
ABALANDO O PANCADÃO

Essas musiquinhas só servem para deixar o estudante alienado, convencido de que sabe a matéria e treinado pra passar no vestibular. Mas, na verdade, ele não vai aprender nada porque perdeu tempo ouvindo a explicação engraçadinha do professor.

O professor, aliás, se chama Silvio Predis. Não é só essa aula do vídeo que ele faz gracinhas e tal, tem várias outras. Mas não vou puxar a capivara do cara pra julgar. O maluco é sensacional, pro Ensino Médio.

E só pra isso.

Relato de um ex-viciado

Olá, meu nome é Raphael e eu sou um ex-viciado.

Essa não é uma história, é apenas um marco na minha vida. É algo que eu preciso colocar no papel (dá um tempo, vai) pra ficar registrado para a posteridade.

Eu nasci com um problema que talvez você tenha e nunca tenha percebido. O desvio de septo é uma condição bastante comum, onde um pedaço de “carne esponjosa” incha descontroladamente dentro do seu septo nasal, bloqueando parte do fluxo de ar. Isso causa um pequeno desconforto, que vai desde a sensação de nariz tampado até a apnéia noturna, que aí sim pode causar complicações e até morte por asfixia.

Ciente do problema, procurei ajuda no lugar mais especializado em doenças crônicas que a humanidade já desenvolveu: a internet. Lá, encontrei a solução pros meus problemas: um certo soro, vendido em qualquer farmácia, que melhorava a respiração nesses casos.

Parti então para o balcão da farmácia:

— Então cara, to precisando de um bagulho aí, certo? Pra dar um barato, cheirar melhor as paradas.
— Tenho um esquema aqui pra ti, tu vai gostar.
— Mas isso aí resolve meu problema?
— Irmão, vai na fé, é só cheirar a paradinha que tu vai pro céu.
— Não faz mal não? Pode usar quando quiser?
— Maluco, ta todo mundo usando, eu mesmo uso direto, isso aqui é do bom.
— Me vê dois então.

Assim conheci o Neosoro.

neosoro

A primeira cheirada no negócio foi horrível. Pra novos usuários, meter água nariz adentro é praticamente como enfiar a cabeça debaixo de uma cachoeira. Aquela coisa salgada entrou no nariz e escorreu pela garganta, onde o gosto só não ficou pior pois meu cérebro se preocupava demais em não deixar o corpo se afogar.

Segundos passaram e nada do tal “barato”. Poucos minutos depois de voltar ao que estava fazendo, descrente de que o negócio ia funcionar, me bateu a realização de uma vida inteira. Durante os últimos anos, eu não sabia o que era respirar direito. Naquele dia, da forma que ele disse, eu tinha chegado ao céu.

O que eu não sabia é que esse “caminho pro céu” tomaria uma curva sinuosa pra me jogar num lugar próximo ao inferno.

No começo, tudo é lindo. Você recupera a capacidade de respirar normalmente, não sente mais o incômodo de um rinoceronte preso na sua cara, consegue sentir cheiros novamente. O mundo inteiro fica mais bonito, menos sua tia Lourdes que ainda se parece com um cachorro velho depois de atropelado por uma manada de mamutes. Eu podia finalmente sentar e assistir um filme no ar condicionado sem ter que levantar e fazer polichinelos pra poder respirar. Eu podia plantar uma árvore, correr num rally, andar de monociclo, domesticar um crocodilo, droga, eu podia finalmente fazer o que quisesse.

Meu corpo havia recuperado uma de suas funções vitais. É mais ou menos como se tu tivesse uma prisão de ventre inviolável por dois anos, descobrisse o Activia e passasse os próximos dois meses no banheiro, recuperando todo o tempo perdido.

Mas, assim como todo vício, esse havia começado a cobrar seu preço.

Cocaína se cheira, maconha se fuma, heroína se injeta. Neosoro se pinga, e no começo eu pingava uma, duas vezes por dia. O efeito durava umas oito horas, e o resto do tempo era suportável. Eu não sentia falta. Depois do primeiro ano de uso, o efeito caiu para cinco horas. Depois, pra quatro. Daí em diante, já não era possível sair de casa sem o maldito remédio.

Já não era mais um prazer poder respirar, era uma necessidade. Mesmo quando o nariz estava bem, o corpo pedia a merda do remédio.

Essa merda VICIA.

Imagina isso aí passando em cima do seu corpo. É o que a abstinência te causa.
Imagina isso aí passando em cima do seu corpo. É o que a abstinência te causa.

Tentei de tudo pra me livrar dele, até uma cirurgia que corrigiria o problema definitivamente, mas que não resultou em nada. Desde 2007, usava a droga do remédio ininterruptamente.

Foi então que comecei a adquirir os hábitos que todo viciado tem.

1- A droga não pode faltar.

Você precisa dela. Mais do que isso, seu cérebro é capaz de tocar o terror no resto do teu corpo se você não dá aquela pingada logo pela manhã. A ansiedade te consome, você passa a mastigar até solado de porta pra conter o nervosismo.

2- Tem que estar disponível, sempre.

Você precisa dela, mais do que você pensa. Nada de sair de casa sem aquela bisnaga salvadora no bolso, ou você terá problemas sérios. Minhas calças chegaram ao cúmulo de estarem marcadas com o formato do remédio no bolso. Nas viagens, carregava dois ou três frascos pra caso perdesse um. Em lugares novos, fazia um scout na região pra identificar farmácias ou pontos de venda.

3- Secret stash

Todo viciado tem um esconderijo, um lugar que guarda uma reserva de emergência. O desespero te faz armazenar frascos do remédio em caixas, gavetas, sapatos, armários, bolsa dos amigos. Todo lugar é lugar pra um Neosoro a mais.

4- O Network

Você passa a identificar usuários a distância e cria sua base de contatos. Afinal, se um dia você esquecer seu suquinho mágico em casa, alguém pode fornecer. Assim, nunca falta.

E como todo bom viciado, uma hora você passa do ponto e sofre uma overdose. Não é porque o remédio é praticamente soro caseiro com um tempero que não pode te fazer mal. Brincadeiras à parte, foi uma das situações mais assustadoras que passei na minha vida.

O Neosoro é um vasoconstritor, um remédio que comprime os vasos pra aumentar a pressão sanguínea em uma região. A carne esponjosa que incha e atrapalha a respiração é largamente irrigada por vasos, ou seja, o remédio contrai esses vasos e faz a carne diminuir de tamanho. O remédio causa uma constrição nos vasos sangüíneos do nariz, o que diminui o inchaco daquela carne esponjosa. O problema e que o gênio aqui usou dois remédios diferentes com o mesmo efeito.

O resultado foi mais ou menos como se alguém implantasse uma broca dentro do seu cérebro e a acionasse de dentro pra fora. Uma pressão absurda na parte de cima da cabeça, uma dor aguda que persistiu por bons e longos minutos. Meu vicio engraçadinho quase me causou um AVC.

Eu estaria escrevendo com a testa numa hora dessa.

Aí vi que era hora de parar. Respirar pouco é melhor que não respirar. Procurei tratamento e o coloquei em prática, e tem funcionado muito bem. Pela primeira vez em seis anos, posso respirar normalmente sem necessitar do desgraçado do Neosoro.

Já se passou um mês desde o “dia D” e não houve uma reincidência sequer. Posso dizer que estou livre dessa maldição. Apalpar o bolso direito e perceber que não preciso mais andar com aquela bisnaga maldita no bolso pra todo lugar é um alívio sem tamanho.

Tá certo que o formato cilíndrico dela às vezes causava um certo volume em minhas causas, que uma ou outra vez pode ter sido confundido com um formato avantajado de meus órgãos genitais, atraindo olhares curiosos de outras pessoas (não apenas mulheres, infelizmente).

Sentirei falta desses olhares. Paciência. Não se pode ter tudo.

Sério que cês vão me fazer falar do Chorão?

Então que o Chorão morreu.

Eu nunca gostei de Charlie Brown Jr. Nem da atitude anti-capitalista, nem da banda. Muito menos do Chorão. Mas não dá pra negar que eles tocavam um puteiro do caralho nos shows. E, vem cá, tocar o puteiro no palco não é a essência do rock’n roll, a muito, MUITO, perdida?

Uma passagem interessante de CBJR na minha vida. Bom, duas, se tu colocar a icônica abertura de Malhação, que fez parte da vida de todo mundo da minha idade por algum tempo. Sdds 2001~2004.

CPM

Uma vez, em 2010, nossa turma encontrou um andarilho no meio da praia de Ubatuba, às três da manhã. O nome dele era Fabiano, ele era de Santos. O cara começou a puxar umas rimas, sobre a gente e sobre a vida dele. Todo mundo curtiu o cara. Pouco antes de sair, ele disse que, quando criança, andava de skate com um tal Alexandre, e que tinham sido criado juntos. Santos… Alexandre… sim, o cara era amigo do Chorão. Se era verdade ou não, não vejo motivo nenhum pro cara mentir. Se mentisse, também, foda-se. Prefiro viver na ilusão de que todo mundo diz a verdade.

Fabiano então se virou e foi embora. Poucos segundos depois, ele se virou e pediu pra gente um lugar pra ficar. Nós, acomodados numa casa da família de um amigo, dissemos que não pensando nas meninas (mas todos queriam deixar o cara ficar). Ele agradeceu na boa, deu as costas e foi embora.

Quando a gente deu conta, o cara tinha desaparecido. Dois quilômetros de areia pros dois lados, e nem sinal de Fabiano. Era Páscoa. Fabiano devia ser um anjo testando a gente. Um anjo ex-viciado em crack que fazia rimas pela madrugada e que tinha andado de skate com o Chorão.

Na atual geração COXINHA, Chorão era um daqueles quibes com um ovo dentro – ou você ama, ou você odeia. Não dá pra ser indiferente.

Cada geração tem o ídolo que merece. A geração 00’s era aquela galera que começava a afundar a bunda no sofá e tomar uma Coca-Cola. Chorão pregava a boa vida e a vida loka, suas letras balançavam entre a cruz e o skate. E era um letrista do caralho. “Ah, mas suas letras eram comerciais” – comercial? Sim, puramente pra tocar na rádio, mas o que não é comercial hoje? A gente vive uma realidade de valores tão distorcidos que ser contra o sistema se tornou o sistema.

Como eu disse, era impossível ser indiferente ao CBJR. Até o roqueirinho mais cuzão já cantou a abertura da Malhação. Já assistiu um clipe na MTV. Ao ver o cara no palco, ou você amava o Chorão ou você odiava o Chorão. A maioria amava. Pra falar a verdade, era difícil não amar também. Porra, ele tretou com o Badauí, bateu no maluco do Los Hermanos, discutia com nego no palco.

No João Rock 2011, ele entrou completamente bêbado, trocou de boné com um cara do público e lascou um beijaço numa mina com o pai do lado. Mais e mais vezes o CBJR saía na imprensa por causa de tretas de Chorão com o público, aliás.

— ah mas isso aí desrespeito com o público
— AH QUE TAL MEU PAU DE ZORBA NO SEU OUVIDO?

Essa geração criada a Coldplay nunca vai entender o que é ser porra louca. Porra louquice, aliás, é coisa de antigamente. Por mais badmanner que um roqueirinho seja hoje em dia, não chega aos pés do The Who por exemplo. Chorão foi o mais perto que essa geração 00’s chegará de ver um carro dentro da piscina do hotel.

Como diria Lobão, “é melhor viver dez anos a mil do que mil anos a dez”. Chorão  viveu quarenta anos a mil. Fez o que quis. A própria banda odiava o cara, mas respeitava. Até me arrisco a chamar o cara de autêntico, desviando de pedras.

É verdade, nunca gostei mesmo do Chorão. Mesmo assim, não tenho nada senão respeito por esse cara. E, olha, você deveria ter também.

chorao

Um estudo científico sobre a eterna rivalidade entre Pernalonga e Pica-Pau

A raça humana pode ser a pior moléstia que existe no Universo, mas uma coisa de boa ela descobriu: os números. Enquanto humanos mentem três vezes a cada dez minutos (freqüência que aumenta exponencialmente se você é pescador, político ou baladeiro), os números não mentem. Nunca.

Dois mais dois nunca será cinco. Nunca haverá raiz quadrada de número negativo. Uma integral indefinida sempre dará origem a uma equação mais uma constante. Não existem circunstâncias ou condições de contorno para verdades estabelecidas por números. O que é, é.

No extremo oposto disso estão as discussões virtuais. Se toda a raça humana fosse dizimada amanhã por um vírus presente na maionese, e sobrassem apenas duas pessoas no mundo com acesso à internet, as duas passariam o resto dos tempos discutindo sobre o que causou a dizimação.

Toda discussão internética acontece da mesma forma: cada um iria distorcer a realidade a seu favor, todos iriam aparecer com argumentos elaboradíssimos, ignorar qualquer verdade dita pelo outro lado, alguém iria perder a razão e citar Deus ou Hitler e, no fim, ambos perceberiam que gastaram horas de suas vidas discutindo sobre personagens de fantasia que não influenciam em nada a realidade.

Entretanto, a Internet (ah, essa Internet) proporciona um meio de comparar duas figuras incomparáveis sem gastar uma gota de saliva virtual sequer: uma Google Fight. O termo que apresentar maior número de resultados no Google vence, por motivos óbvios.

Assim, torna-se fácil descobrir quem ganha uma luta entre Goku e Hulk, quem é mais popular entre Jesus e os Beatles, ou sobre o que é pior: comer milho de aparelho ou comer feijão antes do primeiro encontro com a guria mais bonita do colégio quando se tem 13 anos.

Mesmo os números sendo incapazes de mentir, ainda existem problemas sem solução. São os chamados “Problemas do Milênio”, equações cuja solução é tão cabeluda que nem um estudante coreano consegue explicar. O curioso é que você não precisa ir longe pra achar um desses Problemas do Milênio. Eu lhe dou um agora mesmo:

Quem é melhor: Pernalonga ou Pica-Pau? Durante anos, tentei argumentar com meus amigos sobre a clara superioridade do Pernalonga. Os dois são marcos na história da indústria de animação, fazem parte da infância de milhões de pessoas, deram origem a um mercado gigantesco de produtos e tudo mais. Mas como decidir quem é melhor? Como resolver tal problema?

Acho que sei como resolver isso.

PP01

A busca por “Pica-Pau” obteve 13.600.000 resultados. Leva-se em conta que, mesmo sem o hífen, o resultado é exatamente o mesmo, afinal o Google trabalha com keywords. Vejamos como se sai o nosso amigo coelho.

pp02

Apenas 879.000 resultados, o que daria uma vitória esmagadora a Pica-Pau. Só que isso me cheira mal. Não pode ser tão fácil assim. Óbvio que, por pesquisar “Pica-Pau”, o Google me mostrou resultados referentes ao PÁSSARO pica-pau, aquele que bica madeira de verdade. Ok, então a pesquisa não pode ir para esse lado.

Vamos utilizar o nome original dos dois, afinal é impossível comparar “Pica-Pau personagem + Pica-Pau pássaro” com apenas um personagem.

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Apenas 2.680.000 resultados, o que já é muito menos do que o resultado anterior. Vejamos o coelhoso.

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PP05

Você por acaso lembra daquele dia no cinema, em que o Picolino lançou a bola pro Zé Jacaré, que defendeu e passou pro Pica-Pau lançar a bola pro Bill Murray, que jogou pra Michael Jordan fazer a cesta que salvou o Universo? Aquela cena em que todo mundo se espremeu na cadeira de tanta tensão? Lembra?

NÃO, FILHO DA PUTA. FOI O PERNALONGA. PICA PAU JÁ JOGOU COM O BILL MURRAY? E COM O MICHAEL JORDAN? NÃO, PORQUE PICA PAU NUNCA FEZ UM SPACE JAM. SEU MACACO.

Pica Pau está pra sempre na lista “Personagens que nunca salvaram o mundo”. Pernalonga não. Pernalonga está na lista “Personagens que mudaram sua infância e se tornaram IMORTAIS por terem salvado o mundo”. Quem está nessa lista? Goku. Ash. Jesus Cristo, cacete, PRATICAMENTE TODO MUNDO menos o Pica Pau.

— O que você achou de mais essa vitória INQUESTIONÁVEL, Raphs?

— Ah, com certeza, o time jogou bem, a equipe tava preparada, o professor instruiu a gente bem durante a semana, o adversário era forte mas a gente conseguiu superar, e agora é manter o ritmo aí porque a competição é longa e temos aí um adversário forte fora de casa no meio de semana e vamos nos preparar pra conseguir os próximos três pontos.

A conclusão que podemos tirar disso, e acho que toda a pesquisa fechou todas as prováveis lacunas nessa história, é que eu preciso de uma namorada pra preencher o tempo livre que eu tenho.

Sério cara, tipo, urgente.

Sou corinthiano e não matei ninguém

Acho que o blog chegou num ponto em que praticamente todo mundo que lê me conhece pessoalmente, pela internet ou em carne-e-osso. Isso é bom, pois dispensa explicações maiores. Então acho que grande parte de vocês sabem que eu sou corinthiano, maloqueiro e sofredor. Sei também que, pelo estilo das pessoas que lêem meu blog, vocês não só odeiam futebol, como odeiam corinthianos. Aliás, quem não odeia corinthiano?

Essa história começou no Paulista de 98, quando o Corinthians perdeu o título para o São Paulo. Até ali, com 7 anos, eu era palmeirense, mas sequer acompanhava futebol. Aliás, não sei nem porque era palmeirense.

Em um dos jogos finais, me falha a memória, houve um lance interessante. O goleiro deu um daqueles lançamentos na fogueira, verdadeiro tijolo, que o lateral não alcançaria nem se montado em um leopardo. O jogador, coitado, fez o que pode pra alcançar e, num esforço final, se arremessou em direção a bola, evitando a saída da bola mas indo parar metros adiante da linhal lateral.

A torcida foi à loucura. Um amigo que assistia o jogo ao meu lado comentou:

– Jogador de outro time não faz isso não. Só no Corinthians.

Daí, então, virei torcedor. Todo mundo que um dia passa a acompanhar algo novo, se alimenta de tanta informação pra acompanhar o ritmo que acaba exagerando. Aos 10 anos, eu lia revistas sobre o Corinthians o dia todo. Relia, lia novamente, fazia recortes, pôsteres, tudo. Ia para a escola de uniforme completo, cara. Deve ser por isso que demorei doze anos pra beijar uma menina.

Se continuasse nesse ritmo, eu me tornaria um desses torcedores fanáticos. Aos vinte anos, teria três tatuagens do escudo, teria ido a cinquenta jogos do time e participaria de discussões online sobre times de futebol durante horas e horas. Eu ficaria o dia todo na internet comentando em posts do Globoesporte.

E nada na internet é mais retardado que a seção de cometários do globoesporte.

detalhe pro segundo

Minha mãe me ensinou que existem duas coisas que não se deve discutir: religião e política. A isso, cara mãe, eu adiciono o futebol. Não se deve discutir futebol.

Futebol é uma coisa saudável, algo que você vê ou pratica pra se divertir e te fazer bem. Futebol é algo pra ser conversado em mesa de bar, argumentado, exagerado. Futebol é pra ser levado na esportiva.

Futebol é arte, é o maior esporte do mundo, é a alegria de bilhões de pessoas. É abraçar os amigos e comemorar títulos, ou chorar derrotas avassaladoras.

Mas algumas pessoas vêem diferente. Pra elas…

Futebol é ódio. Ir em estádio, hoje em dia, é ter medo de colocar a carteira no bolso de trás com medo de roubarem. É ter que tirar a camisa da cor do rival por passar perto de um bar frequentado por torcedores daquele time, com medo de ter a bunda chutada até a morte.

Futebol é generalizar, chamar uma torcida inteira de marginal porque um ou outro rouba bicicletas nas horas vagas. É dizer que uma torcida inteira é homossexual. É dizer que um cara “vive de passado” porque seu time teve um ídolo maior nos anos sessenta.

Futebol faz pessoas se acertarem com murros e chutes porque um time ganhou, sem nenhum esforço da pessoa em específico, um título a mais que o outro. Futebol faz as pessoas sangrarem.

Chegamos ao ponto em que futebol faz pessoas morrerem.

corinthians

E os mesmos idiotas que generalizam ao dizer que “todo corinthiano é bandido” são as que dizem que o clube é responsável pelo que aconteceu ontem. O clube não tem culpa nenhuma.

O Corinthians tem maior cobertura da imprensa porque é o maior time do Brasil na atualidade. Lidem com isso.

[aqui é o momento em que vocês comentam e dizem ‘corinthians segundona kkk’, ‘6-3-3’, ‘flamengo time de zico’, ‘coitado corinthians kkkk rebaixado’ e todos aqueles comentários escrotos que vocês costumam fazer por aí, IGUALZINHO os caras do globoesporte]

É escrotíssimo dizer que “a Globo beneficie o Corinthians”, afinal uma rede de televisão precisa de público, e público é o que o Corinthians mais tem.

O Corinthians, atual campeão da Libertadores, que no ano passado deu não só um banho de futebol como uma aula de fair play e jogo limpo, não pode ser responsabilizado pela atitude covarde e imbecil de UMA pessoa.

Todo idiota que leva um sinalizador pro estádio deve ser responsabilizado pelos problemas que o mesmo pode vir a causar. Quem já frequentou geral de estádio, muito provavelmente, já teve de conviver com aquelas fumaças coloridas e sabe o quanto aquilo é insuportável.

Se alguém passa mal por causa da fumaça, parte da festa da TORCIDA, o clube tem que ser responsabilizado? Em parte, sim, por permitir que tal equipamento entrasse no estádio. Mas a iniciativa de acender o bagulho é do torcedor, então quem responde pelo ato deve ser ele.

Imagine a cena:

A banda da torcida está tocando, embalando a festa. De repente, a baqueta de um dos membros se quebra e sai voando. O estilhaço de madeira então atinge uma criança, perfurando seu olho. O membro da banda é responsável? Sim, por não ter visto que a baqueta iria se romper e continuar tocando.

O clube deve ser responsabilizado? Não.

Dizer que o Corinthians é um clube de assassinos porque um boçal cometeu um erro é muito, muito errado. Dizer que toda a torcida é culpada por causa de um acidente é uma atitude infantil, escrota, irresponsável.

O culpado? O cara que atirou o sinalizador. Quer mais um? A segurança do estádio, por consequência, o clube mandante, por permitir que entrassem com uma ARMA no estádio.

Arma? Sim, arma. Já viu essa porra funcionando? Avança o vídeo pros 30 segundos.

Segundo o regulamento da Libertadores, o time pode ser punido de acordo com atitudes da torcida. Só que daí a ser excluído é um pulo imenso, um exagero sem tamanho. Até perder o mando de campo pelo resto da competição seria um exagero. O time precisa ser punido pra que haja a lição, mas não impedido de exercer seu direito de jogar a competição que ganhou, com louvores, no ano anterior.

Seria injustiça com todos os jogadores que disputaram vaga no time. Com todos os torcedores que vão em paz aos estádios. Com todo mundo. Isso não traria o moleque de volta à vida, cara.

Pra ser excluído, teria que ser algo muito, muito mais grave. Se um dos jogadores entrasse em campo com um lança granadas e explodisse metade da torcida rival – aí sim o time é responsável.

Em 2005, quando o São Paulo conquistou a Libertadores de forma indiscutível, parte dos seus torcedores foi comemorar o título na avenida Paulista e fizeram dela um campo de guerra. Assim como a guerra do Pacaembu em 1995. O times não podem pagar pela violência das torcidas.

Culpa, sim, teria no caso das embaixadinhas de Edílson, na final do Paulista de 1999.

Aí sim, o time é responsável.

Ainda tem aquela galera que diz que “o time força a torcida a ser assim”. Cara, são 30 milhões de pessoas, em sua grande maioria, homens barbados. Tudo bem que, pra alguns, futebol é religião e existe fanatismo. Mas daí a um time forçar um cara a acertar um rojão numa criança da torcida rival?

Sério? Esse argumento cola pra alguém? Faz algum sentido?

Culpem as pessoas certas. Não foi o Guerrero quem comprou o sinalizador, não fui eu quem mirou, não foi meu primo que mandou atirar. Não me chame de assassino porque eu torço pro mesmo time daquele animal.

***

Fugindo um pouco do assunto:

Em 1985, na final da Champions League foi disputada entre Liverpool e Juventus, em Heysel, na Bélgica. Só que o resultado da partida pouco importa. Naquele dia, uma briga generalizada causou a morte de 38 pessoas e incontáveis feridos, tendo como estopim a tradicional violência dos hooligans.

A tragédia fez o Liverpool ser banido por seis anos de competições européias pela UEFA.

Quatro anos depois, ocorreu o desastre de Hillsborough, na Inglaterra.

Na partida entre Liverpool e Nottingham Forest, válido pelas semifinais da Taça da Inglaterra, 96 torcedores do Liverpool morreram, e outros 766 ficaram feridos, graças a superlotação do estádio. Pessoas foram esmagadas contra o alambrado. É uma das maiores tragédias da história do futebol mundial.

Aí sim, é justo.

***

ps: peço desculpas por algum erro no meio do texto. Tô com uma gripe absurda, abrir os olhos é um esforço sobre humano. Se tiver algo errado, coloquem nos comentários que eu corrijo assim que der, por favor 🙂

ps2: obrigado ao Guilherme pelas correções referentes ao Liverpool.

ps3 << xbox360 kkkkk vai corinthians

Sobre o (t)humor brasileiro e as Cabeças de Pedra na Ilha de Páscoa

Sabe, eu não vejo muita televisão. Na verdade eu leio mais sobre televisão do que assisto televisão. A Morena, por exemplo, eu sei que é uma guria burra que podia ter acabado com a putaria da máfia faz muito tempo, mas a novela acabaria muito cedo e isso não dá dinheiro. Mas eu nunca vi essa novela. Não vejo mais novelas a muito tempo.

Ligo a televisão, às vezes, para ver futebol e documentários. Nada além disso. Tudo o que me interessa está na internet ou no NetFlix – afinal só lá você pode assistir noventa episódios de O Mundo de Beakman hoje em dia. Não estou pagando de cult ou intelectual, afinal de contas gasto 99% do meu tempo na internet lendo sobre coisas que não adicionam nada à vida de ninguém, como a televisão ou um compilado de acidentes de carro no rigoroso inverno russo.

httpv://www.youtube.com/watch?v=iemD6QVx2Mw

Eu nasci no final dos anos oitenta, portanto peguei um pouco dos tempos áureos da cultura televisiva infantil do país. Passei tardes assistindo Jaspion, Jiraiya, Winspector. Passei manhãs assistindo He-Man, Caverna do Dragão. Eu posso dizer que vivi a melhor fase da minha infância assistindo televisão.

Mas se você me parar na rua e perguntar “Raphs, qual foi a coisa mais engraçada que você já viu na televisão na sua vida?”, eu terei que pensar pra responder. Vou dizer o porquê disso em três tópicos.

1- O humor da televisão aberta no Brasil.

Não vou dar uma de historiador aqui pra dar base científica ao texto. Todo mundo sabe que o Brasil sempre teve humoristas geniais. De Mazzaropi a Chico Anysio, de Jô Soares a Ari Toledo, todos são ícones inquestionáveis do humor brasileiro. Longe de mim questionar a contribuição de cada um deles. Eu seria um baita de um filho da puta ingrato se falasse que os caras não tinham graça nenhuma.

Tínhamos programas de humor pastelão que faziam piadas inteligentíssimas, aquele humor crítico de verdade, que dá risada de si mesmo.

Só que isso, assim como qualquer outra coisa BOA que existe no Brasil, passa muito rápido e deixa uma herança maldita. Depois do TV Pirata, o “humor crítico” era feito pelo Casseta&Planeta, que foi divertido até o fim do século passado. Depois, virou o que todo programa de humor brasileiro precisa ter: imitações escrotas, apelo sexual e estereótipos mais do que batidos.

Todo humorístico brasileiro tem um ou mais dos seguintes personagens: o cara burro, o cara que leva vantagem mas se fode, o cara pobre, o cara gay, o cara que não sai do armário, o cara bonzinho que vira piada, o caipira, a dona de casa, a madame que fica pobre, a mina gostosa e burra, dentre TANTOS outros. Pegue três ou quatro personagens daí que você tem um humoristico genérico brasileiro pronto pra sair.

Eu não vou falar sobre o Zorra Total nem sobre a Praça É Nossa, porque aquilo é um aborto.

sério?
sério?

2- O brasileiro é coxinha por natureza, mas que beleza.

Se você tem mais de vinte anos, já ouviu falar no “TV Pirata“. Um país que tinha acabado de sair da ditadura, tinha um programa que fazia piada do próprio país. Era como se Monty Python e Saturday Night Live, os dois melhores programas de humor da história, falassem português e passassem no horário nobre.

Por sorte, alguém teve a brilhante idéia de postar alguns episódios no YouTube. Abençoada seja a internet.

httpv://www.youtube.com/watch?v=KSmR41_tbq0

httpv://www.youtube.com/watch?v=XBSFYE2nrao

Se isso passasse na televisão hoje, a emissora seria processada por uns quarenta crimes de ódio (racismo, homofobia, etc). As hashtags iam comer soltas, do tipo #foratvpirata, #tvpirataracista, #globohomofobica, #beliebersodeiamtvpirata. Não ia passar do segundo episódio.

Esse era o humor da época: uma sociedade que ri de si mesma, sem se odiar.

Só que hoje brasileiro é, além de coxinha, especialista em odiar tudo que foge do status quo. É aquela história do “não sou preconceituoso, mas…”: o cara não tem nada contra gay, mas fala que é errado fazer piada de gay.

gay

Aliás, o humor nos anos 2000 era praticamente todo homofóbico. O que dizer do Pitbicha? Caralho, aquilo era engraçado?

O humor brasileiro é engessado porque esbarra na coxinheza (meu deus, eu tô genial hoje) do povo. A pessoa que vira a cara quando alguém fala “merda” na TV aberta é a mesma pessoa que assiste 12 horas de mulheres nuas balançando as tetas no carnaval.

Então, a lógica do humor brasileiro é simples:

eu faço umas imagens muito grandes
eu faço umas imagens muito grandes

3- A luz no fim do túnel

A TV fechada tem conteúdo interessante. Alguns programas da Multishow são bem legais, e o Comédia MTV chama atenção pelo humor oitentista (à lá TV Pirata) – mas a Globo tem tudo pra estragar o Adnet.Aliás, o Adnet era tipo um Deus na tv a cabo, assim como o Mion ou o Cazé eram no início da década passada. Foi só cometer o erro de cair na tv aberta que os caras viraram gente comum.

Cara, a internet brasileira tá tendo uma leva de programas de humor sensacionais. Não tô falando dos VLOGGERS® que fazem três vídeos na internet (alguns claramente copiando conteúdo meu, inclusive) e saem fazendo “palestra” em evento de “internet”. Esses caras são o equivalente midiático de um cara que recorta pedaços de revistas e cola numa folha sulfite, “produzindo conteúdo”.

Tô falando da galera que produz o próprio conteúdo de verdade. Porta dos Fundos, Parafernalha, Galo Frito, todos produzem clipes e esquetes sensacionais e com qualidade de televisão, mas com clima de internet. Ainda é cedo pra esperar que esses caras mudem o humor do público comum, mas não custa nada tentar.

Mas, ao invés de olhar pra frente, porque não olhar pra trás?

Cara, quando eu penso em algo engraçado que passava na televisão, a primeira coisa que vem à cabeça é o Sai de Baixo.

httpv://www.youtube.com/watch?v=LeIUSqyf67E

— po mas sai de baicho tem tudo q vc falou q os pograma tem… gostosa, paraiba burro e alcoolatra, pobre esperta, tiozinho certinho que nego faz piada………

SIM, tinha tudo isso e MESMO ASSIM ERA GENIAL. Quando você tem uma fórmula que funciona e tem as MELHORES PEÇAS pra fazê-la funcionar, o resultado é não menos que a perfeição. O programa era gravado num TEATRO, inclusive com episódios sendo transmitidos AO VIVO, com som ambiente e tudo mais.

Sitcoms FUNCIONAM. Esquetes FUNCIONAM. Humor temático FUNCIONA. A televisão americana faz humor com um estalar de dedos. Seinfeld, Friends, How I Met Your Mother, são as séries de humor mais adoradas do MUNDO. Saturday Night Live não é o sonho de todo humorista a toa. Porque não fazer algo no mesmo esquema?

– kkkkkkkkk mas o rafinha batsstso tento e n deu certo kkuakua mandado embora

Não cara, sabe que cê tem razão? Engraçado mesmo é encher uma piscina de rejeitos hospitalares e umas agulhas com AIDS, fazer umas gostosas vestidas de biquinis minúsculos engolir uns eletro-ímas e fazê-las descer num escorregador com lâminas de barbeadores enferrujados usados na década de setenta.

se fosse uma pobre feia, era processo
se fosse uma pobre feia, era processo

Agora faz essa piscina ficar DENTRO DO SENADO, e coloca um cara de terno fazendo piada política com as minas depois delas saírem da piscina.

EU DEVIA TRABALHAR NA TELEVISÃO

HOJE EU VI UMA CENTOPÉIA

MALUCO, centopéia era tipo maior que um PRÉDIO CARA

 

SÓ QUE LÓGICO QUE ELA NÃO TAVA VOANDO NÉ MEU NÃO SOU LOUCO
SÓ QUE LÓGICO QUE ELA NÃO TAVA VOANDO NÉ MEU NÃO SOU LOUCO
NÃO IGUAL ESSE MONGOL, esse é  charmanders
NÃO IGUAL ESSE MONGOL, esse é charmanders

Eu tava no trabalho né, aí deu a hora do almoço eu pensei CARALHO VO ALMOÇAR, aí cheguei na moto e PUTA QUE PARIU LÁ ESTAVA ELA  LARGATEANDO PELO CHÃO COMO UMA CENTOPÉIA,

ela era como uma mangueira de incendio criasse patas e se arrastasse pelo chão sozinha, só que sem o carro dos bombeiros e sem cuspir água por aí porque é uma centopéia, não e a porra do squirtle.

mas se pensar mano, no episódio que o ash captura o charmander, diz lá que se a chama do rabo dele apagar, ele morre

MAS MANO, O BICHO EH TIPO UMA LARGATIXA, SE ELE LUTAR COMTRA O SHQUIRTLE É ÓBVIO QUE ELE MORRE PORRA, afinal todo mundo sabe que água apaga fogo da mesma forma que papel ganha de pedra no joqueipo. joquempo.

jaw ken paul
jaw ken paul

então aí voltando na centopéia, deixei ela lá e vim pra casa, porra, fui almoçar e tinha uma barata GIGANTE NO MEU QUARTO PUTA QUE PARIU PORQUE TODO MUNDO ME ODEIA AGORA, que que eu fiz pra vocês CARA?

ARTROPDODa maldita era tão gorda que não conseguia andar direito, as patas eram ridiculamente grandes {parecia que ela tinha sido modificada pra ficar parecida com aqueles monster truck que passa por cima dos carros e tal mó daora{

caralho!!! — geralmente quando tem barata na sua casa, tipo sua gata aparece do nada e come a maldita ((não antes de brincar com ela por uns 300 minutos, que correspondem a cinco horas)), aí como lidar com ela?? chamar os bombeiros?

aí que pensei que toda vez que minha vida corria perigo, apenas uma coisa conseguia me salvar: BUSCAR CONHECIMENTO E SABEDORIA NAS LETRAS DO MOLEJÃO

TODA VEZ QUE CHEGO EM CASA A BARATA DA VIZINHA TÁ NA MINHA CAMA, BARATA copy

ai eu matei ela

fim

Brevemente sobre Power Rangers, Pasta de Dente e as Cabeças de Pedra na Ilha de Páscoa

É engraçado como algo pequeno te faz mudar a percepção de algumas coisas.

Hoje pela manhã fui escovar os dentes. Todo mundo faz isso. No armário, haviam dois tubos de pasta de dentes, cada um de uma marca. Por engano, ou por ainda estar dormindo em pé, acabei abrindo os dois tubos antes mesmo de pegar a escova.

Ao me tocar do erro, dei um sorriso de canto de boca e então descobri que não era mais criança.

Descobri que a tampa de uma marca de pasta de dente não serve no tubo da outra. O tamanho da rosca não é a mesma, não são compatíveis. A tampa do tubo de pasta de dente é exclusivo daquele tubo de pasta de dente.

A pasta de marca Y não me deixa escolher como vou tampar meu tubo de pasta. É como se dissessem “a tampa é esta e você vai usar apenas esta”. Segundo eles, é mais fácil eu usar silver tape do que usar uma outra tampa de pasta de dente. Isso não vem escrito na caixa.

Não mais o tenho direito de escolher o que quero fazer com o que compro.

É como não poder trocar os cordões de dois tênis diferentes. Podem ser idênticos em conceito, utilidade e aparência – mas não poder usar um cadarço Nike no meu Adidas.

Ou ainda, dizer que é proibido misturar peças de coleções diferentes de Lego. Fazê-las incompatíveis. Não poderia misturar meu Lego Castelo com meu Lego Velho-Oeste, ou com o Lego Carrinho de Bombeiro. Cavalo bombeiro? Não. Príncipe Caubói? Não.

Deixei de ser criança quando comecei a calcular a logística envolvida nos Megazords dos Power Rangers.

Porque eles não utilizavam os Zords logo no começo, quando o bicho era pequeno?” – A conclusão é que devia ser muito, muito caro manter um Megazord. Um robô de trinta metros de altura deve consumir mais que um Opala desregulado. Eles só utilizariam em último caso, se extremamente necessário.

Se os Power Rangers mantinham segredo total sobre sua identidade, quem fazia despesa no Centro de Comando? Quem fazia faxina? Quem pagava a conta de luz?

Será que os Power Rangers tinham papelada pra preencher? Plano de metas? Controle de danos? Na ponta do lápis, era mais conveniente deixar o monstro – ainda nanico –  aterrorizar a Alameda dos Anjos do que ter que destruir meia cidade a bordo de robôs gigantes.

De onde saía tanta faísca? Porque a grama explodia?

Começar a olhar pra trás com os olhos de adulto é a pior revelação que alguém pode ter. Ou se deixa de olhar pra trás, ou se deixa deixar de ser criança.

A verdade é que já deixei de ser criança quando me dei conta de que nunca vou deixar de ser criança.

Eu odeio exercício físico

A imagem mental de todo blogueiro é essa: gordo, cabelos mal cortados, gordo, nerd, seboso e gordo. Não é bem verdade. Havia dito aqui, uns anos atrás, que me pareço muito com Fábio Assunção (depois de ser espancado pela Yakuza e perambulado insone pelo interior da Mongólia por dois anos sem comida).

Acontece que, para um jovem senhor de 24 anos, estou relativamente bem. Tenho a idade mental de 74 anos e a disposição física de… bem, 75. Mas não tenho problema de saúde algum – claro, além de uma pequena condição chamada penisulum enormis, onde o pênis acaba sendo desproporcionalmente grande em relação ao dedo mindinho do pé esquerdo.

O problema é que teu corpo, uma vez perfeito e irretocável, não é eterno. Quando a idade bate (!), tarefas que você concluía com destreza felina começam a ficar mais complicadas. Dois anos atrás eu caminhava treze quilômetros por dia no trabalho. Hoje, tenho que tomar fôlego e dar dois impulsos pra levantar do sofá.

Então, decidi dar um basta nisso.

Mas antes eu preciso dizer: eu DETESTO essa galera que prega de VIDA SAUDÁVEL É TUDOOO na Internet. Você segue os caras por algum motivo qualquer e, do dia pra noite, o povo só sabe falar de granola e postar foto de barra de cereal.

OK, atividade física é algo mais do que necessário e exige sacrifícios. O pessoal adora uma foto de salada.

vidasaudavel1

 

A única coisa que eu leio quando vejo isso é:

vidasaudavel2

Eu não entendo a necessidade que todo filho da puta que faz academia tem de ANUNCIAR AOS QUATRO VENTOS que começou ou que faz e tal. Legal de quem faz e fica na sua. Quem nunca viu uma pessoa tirando foto na frente do espelho falando “#partiu treino” não vive nesse planeta.

ACADEMIA

Sou abençoado por um metabolismo estranho. Como tranqueira da hora que acordo até a hora que durmo e simplesmente não engordo. Todo tipo de guloseima ultracalórica que entra meu corpo parece ser mandada para outra dimensão.

Ano passado, eu literalmente comia barras de chocolate todos os dias, acompanhado de refrigerantes e salgadinhos. Trabalhava sentado e a única atividade física que eu fazia era levantar da cama. As coisas foram piorando.

Hoje comecei a caminhar e correr, parte do “programa de cumprimento de metas do Raphael pra 2013”. Até o fim de julho, pretendo correr no mínimo dez quilômetros sem ter um ataque cardíaco. Pode parecer pouco, mas pra quem tem que se alongar pra conseguir levantar da cadeira,

Provavelmente o blog falará um pouco sobre essas AVENTURAS num futuro bem próximo. É interessante receber algum tipo de estímulo ou comentário positivo.

Não vou ficar tirando foto minha sem camisa e postando aqui, podem ficar tranquilos. Toda vez que eu passo em frente a um espelho, me cubro com um lençol. Ninguém quer ver isso.

Agora, com licença que #partiu #treino